domingo, 1 de junho de 2014

Vergonha ao professar a fé

Infelizmente não precisamos procurar muito, para poder achar um candomblecista com vergonha em revelar e declarar sua religião. Muitos com vergonha, se declaram católicos. Qual será o motivo de tanta omissão? Em pleno século XXI, milhares de pessoas com cultura de matriz africana, não revelam sua identidade, sua religião, sua cultura e o pior, não assumem sua fé. O preconceito excludente ainda é majoritário na sociedade. Sobretudo parte de outros religiosos, em sua maioria, dos cristãos. De modo geral, quando achamos que nossa verdade é absoluta, estamos deixando a evolução - seja ela científica ou espiritual. Esse é um dos maiores motivos pra tanta capa. Contudo, esconder suas raízes, sua fé, sua cultura e religião, é o mesmo que negar sua cor, seu país, sua existência como homem e mutável. Tragamos para um exemplo prático e corriqueiro: Alguém encontra numa encruzilhada o popular "despacho", se falar "chuta que é macumba", a grande maioria dos que ouvirão não irá repreende-lo. Mas, se este mesmo alguém olhar para uma Bíblia e disser "chuta que é bíblia", será logo retalhado. Qual será o motivo? É simples de entender. A sociedade acostumou-se a relacionar o Candomblé e Umbanda como religiões demoníacas, de "magia negra" e outras relações que costumam fazer. O primeiro ponto a ser abordado é: Costumam dividir e conceituar a magia como branca e negra. Qual será o motivo da magia negra ser ruim? Tudo que é negro é ruim? Se observarmos historicamente, respondemos esta questão. São esses motivos e tantos outros, todos gerados e rodeados pelo preconceito e pela marginalização, que levam o povo de santo (em sua maioria) a viver ocultamente na sociedade. Vivem sob a declaração de "sou católico", "não tenho religião, mas acredito em Deus". Devemos sim, hoje mais do que nunca, revelar nosso credo. Somos sim do AXÉ, cultuamos sim, os deuses africanos, nossos ancestrais divinizados. Não importa se você cultua Òrísá, Nkisse ou Vodun, qualquer que seja sua "nação", suas raízes e suas considerações sobre o que é, ou deixa de ser fundamento ou candomblé de fato. Não podemos nos omitir, não podemos negar nossa fé. Se o outro não crê em nossos Orisás, um direito que lhe assiste, contudo, considerar que nosso culto e nós somos do Diabo (personagem judaico-cristã), é questão de falta de conscientização. E essa conscientização só acontecerá se nós, povos de terreiros de todo o país, nos unirmos contra todo este tipo de preconceito que é parido pela ignorância do ser humano. Temos fé, temos culto, temos tradição, temos cultura, somos um povo que precisamos ter voz ativa na sociedade. E não precisamos de um que nos represente. Nós somos e fazemos nossa própria representação. Cada um representando aquilo que acredita sempre. Sem precisar esconder, nem recorrer a nada invés de revelar seu culto e fé. "Quem é de Candomblé, diz que é!"

Olà onà gbogbo!

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