
A Caminhada ocorre no centro do Recife - capital do Estado - onde percorre várias ruas da cidade. A Caminhada também é uma forma de manifestação, onde o povo de matriz africana exige seus direitos. A Caminhada dos Terreiros é em homenagem à Ògún: o òrìsá dos caminhos; aquele que abre todos os caminhos para que possamos passar. É o nosso temível, amado e implacável guerreiro, o patrono da Caminhada.
Anualmente na primeira semana de novembro, a Caminhada arrasta milhares de pessoas, louvando, dançando para seus Òrìsás/Nkissis/Voduns e enaltecendo a cultura e diversidade do Candomblé através de toda a indumentária africana. Cada um se veste à caráter de um culto religioso - mais uma forma de acabar com uma visão preconceituosa, marginalizadora que muitos ainda custam ter. Grandes nomes do Candomblé de Pernambuco participam da Caminhada todos os anos. A Ìyalóòrìsá Elza t' Yemojá, Bàbálóòrisá Ademir t' ÒlóògúnÈdé, Fernando t' Odé, Cleyton t' Òsún e tantos outros. Além, é claro, de toda a comunidade de terreiro de Recife, Olinda e todas as cidades do Estado que comparecem, convergindo cada vez mais para uma sociedade sem preconceitos e intolerância religiosa.
Pernambuco está caminhando para um Estado Laico e com diversidade religiosa tolerante. O Candomblé, sem dúvidas, tem sua participação assídua neste processo. São vários eventos em pról da cultura africana. Este ano (2013), a Praça do Arsenal do Recife - Marco Zero, foi palco da 7ª Exposição Culinária Afrobrasileira no Ciclo Junino, também em Junho, ocorreu a Festa do Fogo em homenagem à Sàngó. No fim do ano, na praia do Pina também no Recife, acontece as entregas das Panelas de Yemojá, momento histórico e sagrado para o povo de Candomblé.
"Nas ruas do Recife, em meio às comemorações de Junho, acontece nossa Exposição. Este evento traz as possibilidades e similaridades da Gastronomia Tradicional e as dos Terreiros. [...] Daí surgiu a ideia de contarmos como tudo isso acontece, onde apesar dos ritos diferentes, convergíamos; tivemos como resultado, um misto de Festejos regados a aromas e sabores jamais vistos em nosso Estado." - Mãe Elza de Yemojá Ògúnté, Ìyálòrìsá do Ilé Àsé Ègbé Awò (Casa dos Segredos).
É assim que a comunidade de terreiro de Pernambuco cresce, converge e se fortalece cada vez mais. A cada ano, a Caminhada só faz crescer em número e tomar proporções interestaduais. É desse jeito que o Candomblé prospera. É dessa maneira, lutando, se manifestando socialmente da maneira correta, agindo judicialmente e popularmente contra o preconceito, intolerância religiosa, racismo, marginalização social, religiosa e econômica que nosso povo deixará de ser oprimido diante de ignorantes, alienados e preconceituosos arcaicos. Assim como na Caminhada de Terreiros de Pernambuco, Ògún passe na frente e abra todos os seus caminhos. Que Òlóòrún e todos os Òrìsás nos abençoe.
Texto: Victor Matheus, autor do blog e Omo Òrìsá t' Òsún.
Muito bom, não sabia da existência da Caminhada de Terreiros em Pernambuco. Um movimento muito importante para os povos de terreiro que ainda hoje, sofrem, sendo vítimas de preconceito e exclusão racial. Ogun ire gbogbo!
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