quarta-feira, 16 de outubro de 2013

O culto ÌGBÁLÈ

Este título refere-se a um culto aos ancestrais; aos espíritos que já se foram, que ainda estão aqui e os que já estão em outro plano. Ìgbálè vem do Yorubá (Álè = cemitério/vassoura/noite), um dos significados é: "O vento que varre a terra!" Ìgbàlè também tem relação com o "Espaço sagrado dos espíritos dos mortos"; um título dado a Oyá é "Espírito dos ventos", - Oyá é o próprio vento. E o ar está relacionado em tudo em nossas vidas. É essencial! Oyá é a única divindade responsável para encaminhar os espíritos dos mortos ao seu destino. Embora existam outras divindades no culto Ìgbálè, apenas Oyá é encarregada desta tarefa. Sua dança, com o jogar das mãos pra cima e para os lados, parece empurrar os mortos. Essa dança é meio que "universal" dentro do candomblé. Todos sabem essa dança, basta apenas tocar pra Oyá que todos levantam aos mãos e fazem a "coreografia" sagrada. Existem nove etapas de transição onde Oyá se responsabiliza para levar o espírito ao seu destino: leito de morte, velório, caminho do cemitério, porta do cemitério, caminho da sepultura, sepultura, ritos fúnebres, despacho do carrego e o caminho para o além; e caso este espírito tenha que regressar ao mundo dos vivos, para solucionarmos alguma pendência, novamente deverá ser acompanhado por Oya Ìgbálè. Um antigo Itàn yorubá revela: Quando Oyá acompanhava seus seguidores em batalha, invoca seu poderoso exército de Ègúngún liderado pelo mais terrível ancestral: Babá Ajimuda; Oyá, cobria o rosto com uma máscara, para poder ocultar a face da destruição. Na diáspora africana (Brasil), essa máscara foi convertida pela pintura de èfun, cobrindo por completo o rosto de Oyá. Segundo alguns Itàns, essa máscara serve para que ninguém olhe diretamente nos olhos de Oyá. Mesmo que a cerimônia seja realizada no escuro, deve-se evitar olhar para o rosto da mulher que desafiou, que anda, que manda e que é dona da morte. Oyá sempre foi, ainda é e sempre será louvada para espantar os ollhos da morte - Ojú Ìkú. Ela também está relacionada com alguns dos seres malévolos existentes: 1.- Ìkú - morte; 2.- Àrùn - doença; 3.- Epè - maldição. Oyá é destacada no culto aos ancestrais - Babá Ègún (culto indispensável no candomblé), porque ela serve para convidar o Ègún, afastar e direcioná-lo para o melhor destino. Sem Oyá NÃO existe culto à ancestralidade. Oyá é convidada para proteger todos os vivos, dos terríveis ataques dos Ègúns inconscientes e do terrível Ìkú - a força implacável da natureza. Destino no qual, todos os seres vivos estão predestinados à enfrentar: A morte! Todos os orixás são relacionados de algum modo à morte. Existem as divindades que participam diretamente do culto Ìgbalé, são eles: Nánà, Obaluàiyé, Òsáàlá e Oyá. Sàngó também participa, visto que foi ele o fundador do culto aos Ègúns. Pela tentativa de morte que as Ìyá-Mi Òsorongá investiram contra Àdubaiyni - a filha de Sàngó, as mulheres ficaram impossibilitadas de cultuar Ègún. Apenas as Yagbás divinizadas podem fazer este culto! Obaluàiyé deu direito à Oyá entrar no cemitério, local onde Obaluàiyé também se encontra, para encaminhar os mortos. Ele deu direito à Oyá para este ato. Oyá Ìgbálè veste-se de branco, em reverência à Òsáàlá. Pois Oyá Ìgbálè está no portal da vida. No encontro do certo com o incerto, onde a dúvida se estabelece. Onde todos os seres humanos de certa forma temem chegar. Neste portal, encontra-se o velho Òsòólùfón recebendo todos os espíritos para sua morada. O corpo volta à terra, emprestada por Nánà no princípio de tudo. O corpo repousa no chão, domínio do misterioso Obaluàiyé; e o principal: A VIDA, fica nas mãos de Oyá: a grande guerreira dos mortos, o grande espírito dos ventos, a ancestral que guia a vida e a morte como se fosse uma coisa única e simples. À ti Oyá Ìgbálè, a grande mãe dos nove céus, a senhora do entardecer, te reverencio com um saudoso EPA HEEY OYÁ! Texto de Victor Matheus, autor do blog e autor do texto.
Oyá do culto Ìgbálè - a que dança com os mortos. 


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